JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Da série ESTE MUNDO QUE ME CERCA: De Vênus e de Apolo

Olhe, duas coisas: eu tenho quase que absoluta certeza de que quase ninguém lê isso aqui, então eu poderia me expor ad infinitum sem maiores danos para minha imagem e/ou desistir disso aqui e ir tratar minha carência de outras formas. Mas eu sou tão brôca, tão fluxo, tão mutável em certas coisas que escrever me ajuda a manter o chão sob os meus pés. E por isso, eis-me aqui!

A coisa 2 é: eu devia escrever sobre a porra-do-assalto-boca-mole que eu sofri na madrugada de sábado pro domigo; sobre a sensação péssima de inoperância de nossa polícia; sobre os custos extorsivos de taxas bancárias e 2as vias de documentos; sobre o carinho e cuidado que recebi (fofos!); sobre minha admiração com minha prontidão na resolução (mesmo com mais auto-pilhação do que necessário); sobre o fato de que vou continuar tendo cheques/cartões/carteiras/celular/dinheiro e andando-a-pé-na-rua porque eu moro numa merda de cidade desigual e violenta mas EU ME RECUSO A VIVER COM MEDO. E ponto.

Mas, como mulher é bicho multifoco e monotema desde que o mundo é mundo, e sendo eu ariana e geniosa, vou escrever sobre coisas que não tem nada a ver com o que deveria de fato escrever. E quero refletir sobre relacionamentos.
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Lendo o divertido http://www.umpenisprachamardeseu.blogspot.com/ eu penso sobre os caminhos que eu escolhi como mulher adulta. Um parêntese: eu já li MUITA revista Capricho, tive dois irmãos, convivi com muitos homens na vida, tenho uma mãe descomplexada nos assuntos homem-mulher e acho um porre gente lamurienta. Então, tudo isso me ajudou muito a ser como eu sou no quesito feminilidade e relações afetivas. Mas tem algumas coisas que eu noto, olhando para trás, que foram definitivas para eu atingir uma certa maturidade nos relacionamentos.

Não sei porque exatamente mas eu não tenho medo de ficar sozinha. Eu sou muito carente, mas não tenho esse medo. Porque eu não vou ficar só, a não ser que eu queira. (Me repito isso todo dia...). E não é MESMO porque eu sou mega-linda ou mega-gostosa ou mega-divertida ou mega-atraente ou mega-qualquer-qualidade-que-as-pessoas-supostamente-admiram. Mas eu acho que gente é bicho que gosta de estar junto, e com padrões flexíveis podemos encontrar crescimento ao lado de gentes diversas. E que podemos trocar com várias pessoas. E que ninguém PRECISA de um(a) namorado(a), mesmo sendo uma delícia ter um(a). Mas companheiro é soma e não complemento, e ninguém morre sem ter um(a), como se morre de fato devido a outras carências.

Amigos são mesmo muito importantes para nos prepararmos para o quesito romance. Amigos nos falam quando passamos do limite, nos abandonam por uns dias quando estamos chatos, nos apóiam nos momentos duros e têm uma forma de amor mais simples de ler do que a dos relacionamentos eróticos-afetivos (obrigada Lisa-criadora-de-termos-práticos-para-modernidade. rsrrsrrs). São um excelente treinamento para pensarmos os namoros de forma mais simples. Por isso me dão um sooooooooooono aquelas malucas que suportam um namorado mala encangado no pescoço só por medo da falta de companhia. Olhe só: dá pra ir no cinema sozinha, gente!!! Juro que vendem ingresso avulso! E que uma noite de sábado em casa não faz adoecer. E que uma tarde com uma amiga pode ser muito mais divertida do que assistir TV no sofá com o seu chuchuzinho vez ou outra. Juro, juro, juro!

Mais surreal é medo de falta de sexo. Para essas eu sempre tenho vontade de soprar no ouvido o grande segredo da humanidade para libertação da libido feminina: "Os homens gostam de mulheres. E se você é mulher, isso basta..."

Ai, saco! Se o problema for sexo, bonitas, sempre vai ter alguém disposto à versão simplificada do mesmo, já tão disseminada entre as bibas: o sexo-como-esporte. Em outras palavras: com respeito, com regras claras, com pactos prévios, por prazer e sem maiores compromissos. Com alguns dias bons, outros dias ruins, outros dias inesquecíveis e outros que são pior do que o Brasil perder a final da Copa. (Ou do que ser assaltada porque tava-viajando-na-maionese-em-plena-Amaralina-de-madrugada..) Basta você querer. E devo lembrar que é sempre bom a experiência de exercitar seu corpo, sua libido, sua capacidade de interação, a autonomia sobre seu corpo... Então, mulheres, deixem de se gastarem buscando apenas sexo com amor. Porque isso só te torna uma presa fácil para cafajestes mentirosos que vão fazer qualquer declaração melosa só pra tirarem sua roupa. Nem metade de quem quer dormir com você quer acordar com você vários dias. E isso é direito do cara de sentir. E direito seu de recusar se não te agradar.

Mas, please, não exija que sua vida sexual seja um folhetim-açucarado, porque isso vai fazer sua orelha se encher de mentiras masculinas ou manter sua cama eternamente vazia ou, pior, seu coração cada dia  mais frágil. Faz isso não com você...

E não é pra ter raiva dos homens por eles serem assim porque... eles SÃO assim. E você fica com eles nesses termos apenas se quiser. E veja bem que não estou sequer sugerindo que todos são escrotos/cafajestes/mentirosos porque isso é um mito idiota de mulheres mal-resolvidas. Mas os homens lidam com a libido de forma mais descomplexada (heranças de milênios de patriarcado...) e entender isso é o primeiro passo para ter uma relação mais saudável com eles e consigo. Clareza é tudo, minha gente!

Porque eu estou escrevendo sobre isso? Porque este mês eu fui assediada por mentiras masculinas diversas (e mandei todos os doidos pegarem o caminho de casa, porque eu não tava afim e ponto); porque fui contemplada com carinhos masculinos surpreendentes de um modo que tem me feito sorrir; porque sou uma mu-lher-zi-nha quando quero; porque estou me educando a viver as coisas com menos peso; porque tudo passa; porque eu me senti uma mocinha desprotegida e aceitei a ajuda que me ofertaram; porque marco meu espaço com cada vez mais clareza e menos força. E porque andei perdendo a paciência com amigas histéricas atrás de uma companhia e se sujeitando a tudo para 'desencalharem'. E achei por bem falar sobre isso.

É isso. Agora vou dormir porque tô cansada de pensar. E vou sorrindo, mesmo com a cabeça latejando de tanto elocubrar (e do murro que eu tomei do ladrão-safado, mas isso é outra história... rsrsrs).

3 comentários:

  1. ah! que lindo seu blog bela!
    seguiremos.

    :*

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  2. você escreve na mesma fluência que fala, flor. li, pensei, refleti, sorri, estive contigo ao ler esse di-ver-ti-do texto que tem um monte, mas é um monte mesmo, de mulher que eu conheço que devia ler!
    comentários dessa natureza, à parte, espero que esse soco-do-ladrão-baixo-astral não tenha te machucado de verdade, amiga!

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  3. ...também espero que o soco-do-ladrão-baixo-astral não tenha te machucado de verdade.

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