JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Da série ORGANIZAÇÕES: Clarice

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Da série DESENLACES: 2010

Sabe nesses dias que um satélite alinha com uma estrela e entra em conjuntura com o sol que a gente traz nos olhos e tudo de uma vez só tudo mesmo clama por ser resolvido? Como num golpe firme de sabre que decapita o inimigo; ZÁS! E eis que tombam no chão os conflitos pequenos que fazem a poesia escorrer entre os dedos e por mais que você se debruce aflita sobre o ralo nada mais do tempo perdido há de retornar? 

(...)

Sabe isso?...

(...)

(...)

Pois bem, que peito em flor, margaridas no lugar de cada certeza, ventos fortes por dentro, como naquelas frestas mágicas que revelam um vendaval no momento seguinte a abrir uma porta de saída eu me vejo assim. Confusa (começando no grave e terminando no agudo-agudo-agudo....)

E, ai, eu quase esqueci(!), mas preciso dizer isso antes que vire um cravo na ponta do meu nariz ou uma espinha atravessada na minha garganta: odeio quem sempre escolhe as respostas certas, os únicos bons ângulos de beleza, somente o correto, o coerente, o belo. Embuste, falsidade, hipocrisia. Me dá vontade de dar-lhes tapinhas no ombro e lembrar que a vida é curta e que todo mundo percebe que é apenas uma jóia de mentirinha encontrada no fundo do pacote de doces. 

(Não,amigos, isso não é indireta a nenhum de vocês....)

Sim, sim, sim.... o tempo disparou na minha frente e corro louca atrás dele, gritando peloamordeDeusvoltaporqueeuteamoeprecisodevocêcomoninguémjamaisprecisou!!!!!

(...)

Mas quem poderia acreditar numa frase tão melodramática? 

Eu no lugar dele, não voltaria, na boa... E você?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Da série POESIA BARATA: Tempestades de dentro pra fora






Porque se eu fosse agora procurar ajuda seria apenas dinheiro jogado fora. Rosa-dos-ventos enlouquecida, apontando para todos os cantos mais recônditos dos continentes. / Mesmo assim eu falo e os outros apenas riem. Eu só gostaria que escutassem antes de reagir. Seria tão educado.../ O além-mar, muitas vezes, soa tão longe. Dentro a água barrenta, parada com algumas coisas boiando na superfície. Por mais que observe não consigo identificar o que é. / O que pode ser tanta agonia?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Da série SEGREDOS DE INTERNET: Pavor


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Quando sinto medo a ú-ni-ca vontade é ficar embaixo da cama em posição fetal, sabe?!
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Da série ENSAIOS: Duplo carpado de costas

Eu cresci na Pituba. Quem conhece sabe que ali reinam os prédios compridos, com crianças correndo em playgrounds. Muitos, muitos prédios, cada vez mais numerosos e mais próximos uns dos outros. 

Tinha um prédio que ficava a questão de metros da janela do fundo do nosso apartamento. Pelo menos é isso que eu sentia: que eram tão poucos metros que um salto mais potente me levaria até a janela do vizinho!

E nos dias mais difíceis, durante toda minha vida, lembro de pensar que se eu saltasse com a força necessária eu conseguiria o feito de me dependurar no, sei lá, 13º andar do Edf. Paraguaçu; tão pertinho ele afinal...

Eu ensaiei mentalmente esse salto imaginário durante toda minha infância e adolescência.

(...)

Bem; o fato de eu estar aqui, com meu cérebro inteiro DENTRO de minha caixa craniana já é o suficiente para dizer que eu nunca tentei o salto. Mas aquela sensação de que era possível ainda está aqui dentro. E levei essa certeza para tantas outras coisas, nas mais diversas áreas de minha vida.

Eu ensaio saltos mentais circenses todo-santo-dia. Foi assim para fazer Teatro, para raspar o cabelo, para começar e terminar coisas muito importantes, para abandonar pessoas... Eu sempre ensaio na cabeça trocentas-mil-vezes, em silêncio. E refaço os cálculos, e redimensiono os riscos, e penso nas piores consequências de um erro qualquer. Muda, quieta, com aquilo circulando sem parar entre olhos e alto do meu estômago.

Quando eu revelo meus planos para os mais íntimos, é porque eu já estou certa de que é possível. É apenas uma última verificação da solidez de minhas certezas.

E eis que, um dia... eu salto! Sem avisar a ninguém, sem convocar os repórteres, sem ajeitar o colchão lá embaixo. Apenas me lanço no vazio, embebida no sentimento de que o chão firme sob meus pés é já matéria obsoleta há muito tempo.

Amo meu bom-senso; o cultivo com colheradas generosas de doçura e palavras cuidadosamente gestadas. Ainda ofegante no pós-salto, tenho o hábito de me regozijar sem palavras, sorrindo por dentro ao constatar que sou mesmo capaz de cuidar de mim mesma. Auto-amor fruto de algo que aprendi desde cedo: não sou amável o suficiente para fazer os outros perderem tempo com excessivos cuidados comigo. Eu sempre, sempre, sempre, termino mordendo quem me alimenta, porque meu desejo de voar costuma ser mais extenso que a altura da gaiola. Mania de liberdade, que custa caro como poucas coisas entre o céu e a terra poderiam custar.

Mas, sabe? Eu só sei ser assim...

E por que falar disso agora? Simplesmente porque estou ensaiando um salto pavoroso para os de alma  pequena. Se um dia eu chegar à conclusão de que a distância ora calculada é mesmo humanamente possível, acho que dessa vez não vai restar nada do lado de cá, igual aquelas bases de lançamento que entram em chamas logo após a partida do foguete.

Minha angústia é essa, sabe?...  Debruçada sobre planos de mudança que vão me levar para uma outra dimensão completamente desconhecida, recupero todos meus registros de proficiência nos auto-cuidados para dizer para mim que, sim, eu consigo vencer mais essa.

(...)

Olhando o prédio ao lado, hoje, ansiosa com o futuro que estou traçando, eu acho a janela do vizinho tão próxima como nunca notei estar. Me espatifar no chão lá embaixo soa tão pueril que me envergonho de nunca ter tentado. E cheia de medos de mulher, me rio sozinha desse antigo medo bobo cultivado desde criança.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Da série PALAVRAS AO VENTO: Isabela(s)

Sobre o ventre:
Eu não queria ser dessa espécie de mulher que engole. Mulheres que sofrem no ventre, que se angustiam no interior do corpo. Quero ser dessa que solta, que lança, arremessa rumo ao sol, somente para ver a parábola bonita da dúvida se perder no contraluz.
(Anseios íntimos de ser Atena e não Deméter)

Dos meus limites:
Eu queria tanto acreditar mais no Acaso, e aceitar mais o Entorno. Mantenho boas relações com o Destino, porque seu humor sempre me faz perdoá-lo de qualquer falta grave. E sigo o Tempo com a certeza de ter com ele a melhor de todas as companhias.

Mãos:
Fiar, tecer, alisar, manter, segurar, apertar, entregar, derramar, socar, esfregar, estender, pegar, pegar, pegar, alcançar mais ao invés de forjar.

D'ele:
"Daí que ele um dia saiu da sombra e sentou bem no centro da minha atenção. Nesse dia peguei vício de segui-lo com o olhar, de fazer perguntas como a fã-mirim que se aproxima do famoso. Olhar fixo como quem quer tirar um retrato mas esqueceu a máquina em cima da mesa de cabeceira; esforço com o corpo todo para conseguir lembrá-lo em detalhes quando ele escorregasse de novo para penumbra. 
Daí que hoje eu posso sair da platéia, levantar a cortina já abaixada e procurá-lo por entre as cortinas. Delícia de procura, porque é uma dessas buscas autorizadas, como um jogo de crianças.
Sempre que eu encontro eu suspiro de alívio. Sorrio com os olhos.
(...) 
Eu gosto mesmo dele, sabe..."

S.a.n.g.u.e:
Aqui dentro parece que algo perdeu volume e de vez em quando falta recheio para todos os cantos. Tá ruim aqui, porque eu desisti de manter a casa arrumada. Preciso cuidar de minha morada.
Segunda-feira, por favor, faça as pazes comigo!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Da série GRANDES DESCOBERTAS DA HUMANIDADE: Bingo!

Passeando pela internet, diletante, olhando escritos de outras pessoas, fugindo de meu trabalho, com a casa bagunçada, com zero dinheiro, me reconhecendo pouco nas pessoas, cansada, querendo morrer por longos períodos, eu parei e constatei: como você se tornou uma mulher solitária, Isabela!

(.!.)

Tenho minhas dúvidas se isso é de todo ruim. Sei apenas que constatar isso foi, de fato, uma grande surpresa pra minha segunda-feira.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Da série PRESENTES VIRTUAIS: Stop emotion




Para ele e sua pequena-mocinha-Clean

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Da série FURTOS VIRTUAIS: Selva

"A ETERNA dúvida do homem é: ir ou não ir para a tempestade. Muita gente acha abrigo na casa da grande mãe. É melhor refugiar-se no seguro, do que enfrentar o abismo. Sei que vão dizer (os bitolados) que isto é idealismo negativista, ou qualquer nome idiota. Mas não me importa. Há muito que não me importo mais com os meus inimigos superficiais, que encontraram em alguma organização da teoria a paz para os seus complexos de frustração. Eu, pelo menos, não descanso, não me perdôo. A floresta é o grande perigo. É lá que estão as feras e o grande mel, a fonte rodeada de avencas e o sexo que é mais profundo e colorido quando a chuva cai serena e triste sobre a mata."

JORGE MAUTNER

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Da série MENSAGEM NA GARRAFA: Alerta Vermelho

Definitivamente, eu me perdi.

Preciso de ajuda.

Rápido!

(...)

Alguém?...

domingo, 3 de outubro de 2010

Da série PRONTO, FALEI!: Sonhos de hibernação

Quem me conhece já viu esse movimento... Desânimo e vontade de sentar. Transe causado pelas dúvidas. Desejo de colocar a casa abaixo. Ânsia de me deter. Suspender. Parar. Desfalecer.

Ano a ano, uma coisa - que ainda não sou capaz de identificar - traz uma carroça de ansiedades e larga na minha porta. Não importa o quanto eu mude de endereço; uma hora ela me encontra. E me vejo sozinha absolutamente desesperada, porque só eu posso dar conta do que me é entregue. São minhas dores; sem possibilidade de postulação a outros.

Enfim... segui esse roteiro tantas vezes na vida que já intuo os frames seguintes: medo, prostração, desespero, derretimento sincero por várias portas, cansaço, pausa, suspensão longa, renascimento.

Porque, o único alívio é saber que eu SEMPRE renasço.

(Vícios de uma Fênix)

Vontade de girar na maior velocidade possível. Braços abertos derrubando o entorno. Me livrar de tudo o que perdeu o sentido. Riscar os fósforos que ainda me restam. E pôr tudo, absolutamente tudo!, abaixo. Uso de pesada maça em cada parede, em cada estrutura, em cada mínima certeza. Zerar para começar com contornos mais bonitos; porque não assumir enfim essa vontade de beleza? Ver consumir em chamas os medos de ter me perdido. E, poxa, Isabela, mais uma vez você se vê lotada de coisas inúteis. Malas abarrotadas de perguntas, explicações, conversas sem fundamento, vaidades. E agora, os ciúmes! Sabem que recentemente aderi à moda, sem nem bem perceber?! Quando notei, me vi metida em trajes meticulosamente ajustados para satisfazer a esse bichinho traiçoeiro.

Ironia grande para aquela que nunca gostou de ciúmes de ninguém.

(...)

Queria valises mais leves, porque meus ombros reclamam de pronto à simples menção de uma aventura mais demorada. Desta vez, como nunca, eu queria partir. Ir para dentro, e ficar lá esperando o próximo inverno. Pernas cruzadas, respirando, em silêncio. E como na imaginação tudo podemos, em meu refúgio meus joelhos não doem e meu telefone não toca. E ninguém, abolutamente ninguém, me pede pressa na hibernação.

(Pqp! Ler isso faz eu notar como eu ando com medo...)

E a cada dia eu me desconheço mais. Reconheço no espelho a mistura que elegi, mas do lado de dentro está tudo um horror. Vontade de me deitar. Um sono que não passa. Uma dor que não diminui...

(...)

(...)

(...)

Sincera e prática como nunca hei de deixar de ser, compreendo com clareza: isso aqui não está mais adiantando. Preciso de ajuda de um profissional.

Pronto; falei!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Da série SEGREDOS E SUSSURROS: Perdida entremapas

Estou com a sensação ruim de meu vocabulário bilíngue ser mais limitado do que eu imaginava.

(...)

E agora, a quem pedir ajuda?

domingo, 26 de setembro de 2010

Da série GRANDES MISTÉRIOS DA HUMANIDADE: Apenas uma pergunta

A minha única pergunta é: em qual ponto do caminho foi que eu me perdi?

domingo, 19 de setembro de 2010

Da série BATALHAS DIÁRIAS: Da solidão de ser eu mesma


É engraçado ver a surpresa dos amigos frente ao fato de eu saber cozinhar
E diante do colega de trabalho que demorou mais de um mês para enxergar beleza em meu rosto
E daqueles que acham que sou frágil
Curioso os que pensam que sou boba, despreparada, mimada, medrosa
Estranho ele achar que não sou mulherzinha, e eu precisar chorar para ele entender que está doendo
E é um desafio à minha paciência notar no olho do popular a certeza de que sou uma burguesinha sem noção
E das mulheres-patas transtornadas por seus homens que um dia podem me enxergar
E, isso sim é um desafio, é muito estranho um cara que fica ouvindo pagode-alto-na-porta-da-casa-dos-outros-no-domingo-sem-camisa-tomando-cerveja-em-lata achar que eu sou uma pessoa para ele. Não porque ele seja pior, eu melhor, por conta de refinamento ou falta dele, mas porque eu não tenho interesse nesse universo e a pessoa não consegue notar.

Eu me acho tão óbvia, eu tento ser tão clara. Mas a falta de modelos de comparação deve ser a causa de tantos ruídos.

Ok. Eu também não ajudo muito: sou branca, black-power, meio gordinha meio gostosa, meio fresca meio bofe, tenho um Fusca velho e uso sapatos de couro rosa com laçarote, não faço nunca as unhas mas meu creme de cabelo tem que ser alemão, nasci na Pituba mas me porto como mocinha do centro, tenho ardores de étnicas-popular e discurso de bem-nascida na classe média, sei usar os talheres para poder comer de mão sempre que tô com vontade, meus pais são sulistas e minha religião é mais pra afro-baiana.

Mas, por favor, se a pessoa me olhar será capaz de me enxergar!

(...)

Minha preguiça é meio que essa com as aproximações desagradáveis. Elas normalmente são por pura incapacidade da pessoa olhar para algo além de si mesma. Como é que alguém pode 'gostar de mim' se nem me olhou o suficiente para saber que não correspondo aos primeiros modelos que ela tomou como referência?! Ai, Cristo - vou saltar de assunto - mas é por isso que eu odeio as mulheres-patas. Porque elas atrasam, por tabela, a minha vida. A total incapacidade de se imporem, de serem como querem, de fugirem um tiquinho que seja ao modelo preciso-ser-gostosa-e-fazer-escova-para-casar-com-um-cara-fiel-e-bem-colocado-e-você-é-uma-ameaça, de irem além da competição feminina, de pararem de se comparar o tempo com a outra me dá uma preguiça imensa. E desço a madeira em qualquer amiga que vier com esse discurso mesquinho e babaca que mulher fracote. Falo mal mesmo, esculhambo sem dó, na frente da pessoa em alto e bom som, para ver se se tocam.

Nunca esqueço o dia em que, quando eu ainda trabalhava na FUNCEB, fomos ver a orquestra Neojibá tocar. Na frente dos músicos, a spalla era uma violinista novinha, simplesmente linda, sorridente, elegante, com os cabelos e a cara da Pocahontas. Um troço de bonita, de luxuosa. E ainda devia ser talentosa, senão não estava ali dando o tom para os colegas de orquestra. Pois bem que, após o espetáculo, a menina era o comentário geral entre a mulherada e todas, mas t.o.d.a.s, com exceção de mim, teceram comentários maldosos e invejosos. De 'Deve estar dando pro maestro' a 'Se chegasse perto de mim eu tacava a tesoura naquele cabelo' foi o mínimo das imbecilidades que escutei.

(...)

Ai.... eu juro que refleti se devia ou não dar uma de louca e, contrariando o bom-senso, fiz a maluca e falei para todas que era ridículo aquele tipo de comentário, que a menina ser linda não torna ninguém feia, que isso sim as tornava desinteressantes e que eu, ao contrário, se pudesse tascava era um beijo nela de tão linda. E chamei todas de bobas e competitivas, de mulherzinhas e, obviamente, fui mal-recebida. Mas dei de ombros, como de costume, porque ter amigas mulheres nunca foi mesmo o meu forte. Não tenho saco para gente que reclama mas não resolve, quem postula responsabilidades, quem não confia no seu taco fica medindo o taco do outro.

Ódio da coleguinha de trabalho que se compara dia após dia e tenta me colocar para baixo simplesmente para ter companhia em sua insegurança.

Mulher é um porre. Gente tosca é um porre. Mulher tosca é o porre do porre, sinceramente.

E sigo, certa de que é mesmo um caminho solitário esse de ser como se deseja, agradecendo a cada dia por não ter ido fazer Medicina ou algo do gênero que ia me transformar em mais uma idiota de escova progressiva, feliz por minhas diferenças e lutando para me resolver com minhas inseguranças e limitações. Sem querer envolver o outro.

Porque eu sou minha! Meus erros e acertos ME dizem respeito. E minhas conquistas, minhas perdas, meus desavisos, meus riscos, quedas. E minha felicidade só diz respeito a mim mesma, sem possibilidade de fazê-la representar por alguém via procuração.

E se eu não me cuidar, quem irá fazer isso por mim?

domingo, 12 de setembro de 2010

Da série MENSAGEM NA GARRAFA: Longa estrada de tijolos dourados

Olha, eu não tenho medo do diferente, das diferenças, do desconhecido. Acho sempre um delicioso desafio passear pelos caminhos em que nunca entrei, sentir o cheiro do novo, desbravar. Costumo ser paciente e cuidadosa com os meus parceiros nessas aventuras, porque esse meu quase-fetiche pelo novo nem sempre é tão simples de ser acompanhado pelo meus. E em geral me consome muita energia. Mas eu costumo adorar...

É importante que se entenda que sou moça de riscos, e por isso meu amor pode ser imenso pelo diferente. Eu tenho, DE FATO, paciência para vencer a dificuldade do novo idioma que vem do outro, apurando ouvidos para entender mesmo a mais cifrada das mensagens.

E me esfolo para traduzir em atos os meus pensamentos, já que o agir em geral é menos trapaceiro do que as palavras. Eu digo que quero com o corpo todo, com cada olhar, com cada afirmação, com cada ir dormir sorrindo. E tenho dito tantos 'eu quero' ultimamente. É uma explosão de satisfação a cada nascer de sol. E que bom que tem sido assim...

(...)

Agora dá um medo gigante do que está extra-caminho. Pavor do que não poderia supor existir: medo daqueles que invejam minha coragem, que invejam o lugar dos meus partners, que desejam ser amados como eles são, carinhado como ele é. Gente que não aprendeu a caminhar e se diverte deitando no meio da estrada só para causar acidentes.

Quando eu caminho, mesmo em dúvida se estou na estrada certa, não me sento no acostamento. Tenho medo de não conseguir mais levantar. Nele há infinitos covardes, medrosos, preguiçosos de toda cor&estilo, sempre dispostos a me dissuadir da caminhada.

Sabendo dos riscos que habitam a beirada da estrada, eu, mulher multifoco desde minha tenra infância, filha de Áries que tem a força do incendiar sem a paciência do alimentar da chama, fiz um combinado comigo mesma para que minha vida não fosse um total fracasso: eu NUNCA paro de caminhar.

Com dúvidas ou certezas ou medo (constantemente medos) ou dor ou frio ou solidão ou o-que-houver-de-mais-pesado-para-se-carregar, uma coisa é certa: eu nunca deixo de seguir em frente. Muitas vezes eu sequer sei para onde estou indo, mas eu vou. Sempre!

(...)

E eu vim vindo, seguindo os rastros de miolo de pão que o moço-bonito deixou na estrada. Vim me construindo, realizando mudanças de rota, exercitando a audição. Vim porque quis, porque quero; então só me resta chorar como uma louca quando esse ato tão grande não parece ser suficiente. Puxa; o caminho foi tão comprido, qualquer um vê... então porque ainda pedir mais provas, fazer mais perguntas, procurar verbetes num idioma estrangeiro?

Ter caminhado até aqui não basta?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Da série GINCANAS DIÁRIAS: Calma para não surtar..

Meus desejos são de tantas ordens...

O real interesse de me desvencilhar da procrastinação em que submergiram meus estudos do mestrado se combina
... com a necessidade de emagrecer
... e a preocupação com o Tempo que começa a deixar suas marcas passando a me exigir algumas mudanças de atitude assim
... e os esforços de melhorar o aspecto do meu cabelo
... e cuidar de meus ossos que pedem clemência
... e de salvar meu estômago que desconta sua raiva em minhas laringe e faringe e boca e esôfago
... e a tentativa de me alimentar melhor
... e de ser menos agressiva e mais cuidadosa com as palavras e pessoas
... e com o sentimento de urgência de me picar desta cidade
... e a neura de que tenho que organizar minha carreira pra ontem
... e com as análises das pessoas que me cercam para eu encontrar uma boa maneira de me relacionar com suas loucuras
... e não posso esquecer de fazer os orçamentos para arrumar meu telhado
... e pintar a fachada de minha casa
... e arrumar uns problemas elétricos
... e resolver documentos e mil outras coisitas de meu carro
... e a briga com a Claro que me rouba há meses e que vou colocar na justiça por danos morais&materiais&vegetais&minerais
... e a paciêcia com meu ciúme que vez ou outra aparece trazido por umas vacas!
... e não perco de vista a vontade de fazer um blog decente de frescurites
... e há roupas mil me esperando no armário para pequenos consertos
... e o pânico de não saber inglês ainda
... e a dúvida em abrir ou não minha empresa
... e em passar ou não o reveillon longe daqui
... e o tédio de não ter conseguido viajar
... nem ter tido férias decentes 
... nem ter produzido direito este ano
... e lembro dos lugares para mandar Magritte
... e para apresentar Cartografia
... e (não se perde!) tem que registrar o texto do seu solo, mulhé
... e amanhã tem um evento para fazer
... e as contas estão desorganizadas
... e minha pele uma merda
... e minha poupança tísica
... e ainda têm projetos no ano que vem me esperando
... assim como a prestação de contas do Minifestival
... e 380 (sim, trezentos e oitenta) processos para eu revisar
... e tem que achar tempo de ir correr na esteira
... sem deixar o moço-bonito-que-adoro de lado
... e, ai, eu não li nem 03 livros este ano
....
.....
.......
..........
...............

Vou surtar!!!!!!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Da série S.O.S.: Falta de oxigênio

Subi no palco e disse a toda voz que admirava os que seguiam as tempestades.
(...)
Agora elas me perseguem!
Rosa-dos-Ventos de possibilidades a fazer meus dias mais duros. Mais loucos. Mais curtos.
No olhar das pessoas há o reflexo de uma alguém que eu não reconheço. Porém eu gosto dela, e fico me contorcendo na frente dos espelhos d'água das retinas alheias para me encaixar no protótipo bonito que eu julgo tão diferente de mim.
Mas eu sou aquela. Eu sou a que brilha, mesmo quando tranca as portas e cerra as cortinas com medo dos fotógrafos que vão aprisionar sua alma no negativo.
Para onde eu estava indo mesmo?...
Canadá, Londres, Auckland, San Diego, São Fransico, São Paulo, São Bernando, meu Santo Antônio.
Melhor, meu Santo Expedito, ajudai-me. Dai tranquilidade a essa alma de fogo que crepita rápido demais para eu acompanhar seu ritmo. As pernas doem, o pensamento dói, e os dias escorrem por entre os dedos como se meu Amigo tivesse parado de me amar simplesmente porque revelei seu maior segredo. Mas, Tempo, você sabe que nosso caso de amor será eterno. Volta, por favor.
Sem ar, sem medo do ridículo, sem vergonhas, sem pudores, choro como as crianças e lembro para ele que sua ausência significa meu fim... Não vai...
(...)
VOLTA!!!! É a única coisa que saberia gritar agora, se ainda houvesse algum lampejo de voz no meu peito...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Da série PERGUNTAS: O outro

Como pode o corpo de um outro soar como perfeita morada de um alguém?...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Da série MENSAGEM NA GARRAFA: Um último aviso

Cara senhora,

É válido começar dizendo: sou dessa categoria de gentes que não esquece determinados atos.

Eu remôo, remôo, re-rôo o que me desagrada. Encho os ouvidos do que me acompanha com perguntas sem que haja uma resposta clara. Isso porque estou chateada, porque plantei uma coisa e você veio me trazer frutos diversos aos prometidos na embalagem das sementes. Eu tinha escolhido cores bonitas e independentes, e cuidei com carinho do crescimento delas; agora você tenta de forma sorrateira trocar o que colhi com o que você traz em sua cesta.

Sei reconhecer quando há equívocos deliberados por parte do remetente, assim opto por te escrever para alertá-la do erro. Sem ofensas, querida, você está confusa.

E, ouça, não venha me encher de olhares atravessados agora, Cigarra, porque eu tive empenho no momento oportuno. E isso nada tem a ver com seus cantares de outrora. (De verdade verdadeira seus cantares não me interessam em absoluto...).

Por favor - e peço que abra os ouvidos para expressão educada de pedido ainda mantida com esforço - me deixe em paz! Me dê sossego! Me esqueça! Cuide de SEUS canteiros antes que eles te ressequem por dentro.

Aqui só tenho os frutos justos para minha necessidade, não há sobras para você. E lembre que há ainda as necessidades dele - aquele que cito nas primeiras linhas dessa correspondência; guardo alguns frutos para ele também se satisfazer. Dá trabalho pensar por dois às vezes, mas eu não me importo com o preço quando lembro dos sorrisos que isso me gera.

Você também poderia tentar outra vez, mas não pode ser nesta casa, porque aqui não há lugar para você. Tenho certeza de que é capaz de entender isso: aqui não há espaço para terceiros.

E de forma alguma pretendo ceder o meu espaço, conquistado com carinho e delicadeza. A simples menção de uma proposta como esta me soa como uma profunda ofensa; não creio que você deseje entrar por aí.

Na verdade eu não cria que você desejasse isso; mas tenho começado a acreditar que é justamente essa a sua gana: a do incômodo.

E é justamente por isso que te escrevo; porque ainda guardo por ti uma ponta de respeito e cordialidade. E uso do que resta deles para te pedir: vá embora enquanto é tempo. Você não é bem-vinda em meu lar. Ponha-se daqui pra fora antes que eu te expulse de fato. Tome sua estrada antes da chegada da Tempestade. É bom que você parta por conta própria antes que seja necessário eu cobrir sua arrogância de sopapos, caríssima Cigarra.

...

Vá enquanto há compreensão e paciência de minha parte, é unicamente o que te peço.

Porque esta mensagem é o último sopro de doçura que será lançada em sua direção. Daqui pra frente só resta losna, fel, saliva grossa que só se elimina se grudada a palavras de força. Resíduo que só sai com palavras exclamadas, com gestos desmedidos. (...) E eu juro que não quero chegar a este ponto.

Assim, finalizo esta carta. Com delicada certeza de que vou tocar em seu lugar de bom-senso, antes que seja necessário revirar os seus recantos mais patéticos. Porque, se for necessário, não terei receio de entornar suas gavetas de segredos em plena via pública.
Assim sendo, pare onde está! Não prossiga com sua burrice; simples assim.

É apenas isso que peço. É essa minha ressalva final. Recado que fica apenas entre mim e você.

Certa de sua compreensão, me esforço com o que resta e te mando um beijo e um abraço educado.

Sem mais,
F.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Da série TRABALHOS: Cartografia de um relevo interno



Decidi partir para uma viagem.


Com esta afirmação grafada com a força da incerteza, rumei para uma longa jornada em direção ao castelo que teimo em trazer dentro de meu peito. Castelos de sabor e imagens e vozes, que sussurram pelas paredes irregulares histórias tantas e cores tantas e certezas tantas que por pouco não me fizeram perder o ar... E me vi ali, perdida na margem do rio a cortar o profundo vale aos pés dos reinos mais distantes por mim já visitados. E eu me espremi como pude para percorrer todo o caminho que separa a dinastia das vampes cultuadas por Camille Paglia e a monarquia das mulherzinhas-de-açúcar entronadas por Clarice Lispector. Só espero um dia chegar aonde há tanto desejo ir.

(...)
E eis que aqui me apresento por capítulos - como as respeitáveis senhoras que visitei fariam. E lhes mostro uma menina-moça-mulher mensageira de memórias, desejos, expectativas e, por que não dizer? nesgas de humor que ainda hão de salvar a minha cútis!



Isabela Silveira – intérprete, texto e direção
Celso Jr. – Co-direção
Thúlio Guzman – assistência de direção e orientação de movimento



AGOSTO, NO TEATRO GAMBOA NOVA
Hoje, dia 20/08, às 20h
Sábados (21/08 e 28/08) às 17h!
Apareçam lá!



terça-feira, 17 de agosto de 2010

Da série SEGREDOS E SUSSURROS: Sorrindo

Pois bem que desejei tanto e de forma tão discreta e tão prudente que a encomenda me veio melhor que o previsto.

(...)

O moço tem me trazido dias melhores... E sorrisos maiores.

(...)

Que seja assim pelo tempo que pudermos estar assim. E isto basta!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Da série LISTA DE DESEJOS: Férias, correções, surtos, sussurros e indiscrições

A verdade é que eu sou uma mulher com-ple-ta-men-te louca. Que estar por perto é estar suscetível a mudanças de clima/cor/dinâmicas sem aviso prévio. E que TENTO ser mais constante apenas para não machucar as pessoas demais. E que dou pistas sempre pois dor é coisa com a qual a gente se acostuma se for chegando devagarinho.

(...)

Eu pesadelo devaneios terríveis onde todos percebem o que trago por debaixo da pele e me deixam para 'todo.o.sempre.amém' de lado. Por medo de mim!

(...)

Eu sou da categoria 'gente de bem' porque ferir o outro não faz parte de meu hall de prazeres. Mas como é que controla alma de fogo que crepita e se perde em suores de tudo quanto é tipo e vindo de nem sei onde?

(...)

Ah! Eu não gosto que furem comigo; que pensem que estou à espera sempre; que me dêem chá de cadeira se assegurando em meu afeto; não gosto de sentir ciúmes ou invejas; não gosto de palavras que cheiram mal e detesto caminhares em círculo. Detesto!
 
Me apaixono pelo andar pra frente, ainda que a imobilidade algumas vezes me faça descer do meu cavalo para conversar com os que se sentam na beira da estrada. Mas, peloamordeCristo!, não caminhem para trás e não girem como perus, porque isso me enoja demais, caros senhores!

E, por fim, a novidade que me visita a toda entrada de segundo semestre:
- Isabela, me diz a mulher no espelho, eu queria tirar umas férias de você. Como é que a gente faz?
Ao que eu lhe respondo:
- (...) Não sei; compra feito...

domingo, 1 de agosto de 2010

Da série MENSAGEM NA GARRAFA: Defendendo meus direitos

Defendo arduamente meu direito de 'não gostar'.

Não gostar de algumas pessoas.
Não gostar de determinadas situações.
Não gostar de certos sabores.
Não gostar de rotinas assim ou assado.
Não gostar de diversas coisas bobas ou importantes.
Não gostar, simplesmente, sem ter que fingir que gosto. Sem, por outro lado, machucar quem quer que seja.

E me dou esse direito unicamente porque tenho clareza que minhas preferências por ou contra qualquer coisa não são ofensas. Meu gostar é apenas mais um entre tantos.

E eu não acho que valha a pena ter que dissimular meus sentires e posar de boazinha sempre. Até porque eu nem sou 'boazinha' exatamente. Sou gente boa até, do Bem por convicção, mas 'boazinha'.... não, não. Obrigada!

(...)

E defendo ainda e bravamente o espaço da diferença e do dissenso. E que haja sempre espaço reservado para a originalidade de posicionamentos e para as discordâncias. Sem nunca macular o respeito ao outro.

Mas, não posso achar natural essa hégide do se amar-se gostar- se admirar a todos, sempre e mutuamente. Que porre...

Sem contar o fato de que necessito de muito espaço interno para meus amores de verdade. Vastos quilômetros para meus quereres sinceros. Para meus reais desejos. Então não tem sentido oferecer lugares afetivos apenas por obrigação.

(Até porque nunca entendi bem o que se pretende alcançar agindo assim...)

Gosto do que gosto e não gosto de fingir que gosto do que não gosto!

E, pense bem: minha opinião nem é tão importante assim. Ela não derruba chefes de estado, não altera rotas, não diminui os dias, não influi em nada na ordem mundial, não torna seu cabelo feio... Meus gostares são apenas MEUS, eles não precisam ter grande importância para que não eu mesma

Então posso dispô-los como bem desejar.

(...)

E, aos carentes de plantão, eu lembro: se eu não gostar de você, é problema apenas meu. Não impede que outros tantos te achem o má-xi-mo.

De forma que, educada e objetivamente, eu lhes peço: me deixem em paz!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Da série A MULHER NO ESPELHO: Longas letras

Abriu a boca e dela quiseram sair animais peçonhentos porque eram eles que ela alimentava há dias entredentes. Para eles oferecia alimentos feitos de pensamentos nocivos nutridos desde longa data. Mas, porque mesmo nos dramas há um 'mas', o menino-de-olhos-que-endurecem ensinou uma outra coisa; lição aprendida aos pedacinhos, mas com o corpo todo. E da boca então saíram palavras cheias de vergonha, mas alinhadas e ordenadas para se fazerem entender. // E do seu ventre queriam sair os medos, aninhados na curva mais fechada das certezas, que ela brincava de torcer desde tenra infância. E os olhos se fizeram em água, coisa que desconcertou o que a ungia. E ela berrou. Berrou. Berrou, até se fazer ouvir. E o olhar de desconcerto doeu tanto nela e tão fundo e tão forte e tão de verdade que ela se refez inteira, com medo de sucumbir àquela dor apenas por mirá-la um período mais longo. (Dor-Medusa, dessas de empedrar tudo: sonhos, idéias, suspiros, afetos.) // Então se fez de rogada e, com um último soluço, se recompôs do jeito que o outro havia aprendido.// E da ponta dos dedos saíram nesgas de leveza, desmedidamente indiscretas, como grito de medo que causa vergonha assim que se acendem as luzes.// E, já sentada, do centro do seu peito saiu um chá amargo, feito de sentires gastos fervidos e re-fervidos anos a fio em uma panela cuidadosamente observada pelos seus monstros de criança.

(...)

O fato: ela está cansada. E com medo, muito medo mesmo. Apavorada com o que a curva ali à frente esconde. Ela queria ser outra, ter outros, ser de outros. Entender-se com menos pulsão, com menos cicatrizes. Ela, eu sei, gostaria de ser feita com menos nuances, trazendo em si cores mais chapadas, só pelo prazer de se simplificar um pouco.

Ela quer se sentar na estrada e ficar ali. Talvez cochilar um pouco. Mas, a pergunta: quem viria no momento certo acordá-la para lembrar que já é hora de atender à vida que chama por ela?

(???)

Por via das dúvidas, ela se mantém acordada. E segue...

domingo, 11 de julho de 2010

Da série DIA A DIA: A quem interessar possa

Esta semana eu:
  1. Passei na audição de um espetáculo que eu queria muito fazer;
  2. Escrevi um projeto atrasado;
  3. Fui em 02 aniversários de cancerianos queridos;
  4. Ganhei e dei vários chamegos de/a um mocinho-bonito;
  5. Paguei contas mil;
  6. Comprei um aspirador de pó;
  7. Organizei minha agenda;
  8. Desafiei minha criatividade diante da semi-vazia despensa de minha casa;
  9. Revi uma amiga querida;
  10. Tive reunião e dei boas idéias;
  11. Participei de um debate que considero importante;
  12. Coloquei coisas importantes no Correio;
  13. Me inscrevi em uns 30 festivais de vídeo;
  14. Recebi um trabalho atrasado de um prestador de serviço;
  15. Comi feito uma porca;
  16. Dormi o necessário;
  17. Revi um amigo querido;
  18. Tomei várias cervejas;
  19. Perdi menos horas na internet com besteiras.
A semana que vem começa em instantes e, garanto, há de ser tudo essencialmente diferente e igualmente desafiador.

E vamo que vamo, meu po(l)vo!!!!!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Da série BATALHAS DIÁRIAS: Exercício de delicadeza

Tentando comer de colherinha pra não gastar


Segurando a mão com fios de delicadeza para não permitir que a ansiedade consuma tudo antes de chegarmos ao prato seguinte. // Um instrumento para cada coisa: de uns lados ser silenciosa e vagarosa é o que se lê no manual. Noutros, rapidez e arrojo, me indicam as instruções. E no meio de tudo isso, como máxima irrecorrível, a necessidade de depor a ansiedade e a competitividade inútil. 

Ingredientes delicados de textura macia é o que tenho entre os dedos, então não adianta tentar morder o que é feito de espuma, onde há mais intervalos e ar do que material concreto. Alimento para se comer num suspiro e não abocanhando ou aos goles.
Calma...

(...)


(...)

E para os que acham tudo isso um conflito bobo, escutem: os momentos de vida em que devo pousar a espada e armadura e elmo e maça e escudos para substituir por talheres de criança são os mais tensos de todos, fiquem doravante sabendo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Da série REEDIÇÕES: Alminha azul

Esse texto eu escrevi há um tempo, e de fato gosto muito dele. Está no antigo endereço do meu blog, ao lado de tantos outros que vou reeditar aqui, sempre refletindo um pouquinho sobre a pessoa que eu era quando eu escrevi isso. É uma proposição completamente auto-centrada, movida pelo interesse de resgatar alguns escritos que ficaram meio esquecidos e de fazer uma espécie de auto-análise muito mais barata e poética do que pagar um bom terapeuta.

Para dar um charme o texto de hoje tem ilustração e tudo, by Carol Feitosa, que seria minha parceira em um projeto virtual que nunca foi pra frente.

É isso. Se não gostou da nova série deste blog clique aqui e faça sua reclamação.

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23/09/2008


Da série MENSAGEM DA GARRAFA: Esse pônei não sou eu


Tirei minha alma pra lavar. Vícios de limpeza poética daqueles que descendem dos índios. Do tamanho de um vestidinho azul, como os das meninas que sabem falar como adultas mas preferem mesmo observar o trânsito das nuvens. Estendida no cabide achei que tanta vontade não caberia ali dentro. "Esta alma não é minha", cochichou a moça açucarada ao rapaz que ela escolheu para olhar nos olhos.


Quantas vezes vou precisar chegar até a porta dos meus desejos para conseguir alçar o vôo que minhas asas anseiam? Por que gastar tanta loucura para construir um chão sob os pés? Não bastava ter sapatos de Doroty e encontrar um lar onde pudesse deitar meu pensamento? Não há lugar melhor do que o nosso lá, que dobra a curva da face risonha e descobre que por trás das montanhas moram os verdadeiros sonhos multicores. Ela tentou se lançar do alto do abismo, mas o seu espírito era tão comprido que bastava se esticar para tocar os pés lá embaixo.


Salto sobre as poças para não precisar mergulhar em uma xícara de boldo, como meu lindo amigo que abriga um passarinho no ombro gosta às vezes de fazer. Me afogar em mim mesma soa tão dramático que rio com a trilha sonora latina que escapa pelos meus poros.


Rir de si mesmo: o charme do mundo...

Da série DIA A DIA: Chegadas por adentro

Muitas coisas caminhando ao mesmo tempo!

Coisas demais e algumas de fato muito boas...

Coisas que correspondem aos meus desejos, aos meus investimentos...

Coisas que se aproximam daquilo que escolhi ser...

Coisas que são minhas, forjadas com esforço e suor mesmo...

Coisas que são projetos, coisas que eram desejos, coisas que eram uns sonhos a esmo que agora parecem perto demais...

Coisas diversas, tantas e muitas, tudojuntoaomesmotempoagora que eu espero apenas ter escolhido o melhor para mim....

domingo, 4 de julho de 2010

Da série GINCANAS DIÁRIAS: Fazendo cooper com Cronos

Este é um ano de conversas com o Tempo, eu sei. Revelado seu maior segredo, o ilustre senhor me chamou então para um jogo de regras complicadíssimas no qual aceitei entrar mais por educação do que por qualquer outra coisa. Que coisa doída! Meio tateando, meio ouvindo as vaias da arquibancada, vim perdendo pontos, errando as jogadas, furando regras e procurando novas táticas até dia desses com pouco êxito. Quando então, já derrotada pelo meu próprio cansaço, o corpo pediu arrego e me vi de cama pensando que iria daquela pra melhor no momento seguinte.

(...)

Fato é que não fui pra lugar nenhum - como podemos denotar do fato de eu estar aqui escrevendo este post - e levantei dos dias de molho com a força dos renascidos no instante anterior. E mudei a forma de jogar, tentando ter prazer nesse suadouro danado que meu amigo estava propondo desde a virada de 1° de janeiro. E esse relaxar me devolveu a leveza e o foco, e as coisas voltaram a caminhar como eu gosto.

Vale destacar: em meio às duras tarefas da gincana de Cronos, eis que apareceu um participante para terminar de desafiar minha capacidade de organização. Sim, ele tem razão de dizer que muitas coisas poderiam estar sendo feitas nos tantos minutos que prefiro ficar a seu lado, mas isso não me chateia. O prazer dos minutos desperdiçados com carinhos e contemplação fazem os restantes mais fortes e valiosos. Estar assim é bom, com recheios de espuma delicada que amacia até o mais duro dos pensamentos. Com ombros mais baixos, voz mais doce, cabeça com asas... Estar assim é coisa que não se 'escolhe' e sim se 'permite' acontecer. Abrir canais, ativar ouvidos, olhar no ho.ri.zon.te, atenção ao presente e, veja só, um dia essa delícia de condição termina por se instalar. E aí não há mais de se lutar contra ela. Porque às vezes, é verdade, temos vontade de estarmos diferentes, mais bélicos e práticos; compreender que não há opção ao sentir é o melhor caminho para saborear cada um dos suspiros que o peito insiste em gerar.

É já metade do ano que deixamos na estrada de 2010; restam ainda uns cento e tantos dias que não saberia precisar pela matemática das aulas, mas compreendo claramente quando substituo a álgebra pela intuição, sem nem ter que recorrer aos dedos para saber que ainda há muito caminho pela frente. Muito suor. Muitas jogadas. Muita, muita, mas muita coisa mesmo. E cabe aos de bom espírito e cabeça sã fazer valer os próximos momentos dessa gincana que não tem fim.

(...)

E, dando eco aos sábios, repito: vamo que vamo!