JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Da série RASCUNHOS POÉTICOS: É bom querer coisas, mocinha...

Eu queria escrever como eu sonho, com as cores escolhidas e a leveza de não ter hora. E queria falar como eu penso, com fluidez de verdade e peso apenas de mentirinha. E queria amar como eu me projeto, sem os odores do ciúme e com a bênção da maturidade que também embebeda. Queria me lançar como eu planejo, rotas perfeitas sem choques contra o solo duro. (Apenas um minuto de silêncio)

Mas não costuma ser assim...

E queria, com o corpo todo, me amar como amo aquela que carrego na ilusão, sem remendos, sem consertos, sem indiscrições que não servem para coisa alguma. E queria saber me calar como eu o carinho, macio, suave, doce... E queria olhar como eu sinto, com todo o corpo, sem deixar escapar nem a menor nuance de verdade. E seria mais contente se me alegrasse como me dôo, com profunda certeza de que aquilo não há de passar nunca. E queria aprender como eu observo, com prazer descompromissado de saber que nada vai ser perdido. E queria ganhar como eu cuido, sem dúvidas de que é mesmo aquela minha sina.

Eu queria tantas coisas...

Se eu quisesse menos, talvez eu apenas desejasse querer mais! Na minha corrente circulam vontade e entusiasmo genuínos, placebo útil para combater a paúra irrecorrível do não saber para onde estou indo. Salto, giro, caio, levanto, pulo, sussuro, me estico. Reflito.

(...) Vida sem charadas é coisa pra poucos privilegiados doravante entediados...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Da série ESTE MUNDO QUE ME CERCA: De Vênus e de Apolo

Olhe, duas coisas: eu tenho quase que absoluta certeza de que quase ninguém lê isso aqui, então eu poderia me expor ad infinitum sem maiores danos para minha imagem e/ou desistir disso aqui e ir tratar minha carência de outras formas. Mas eu sou tão brôca, tão fluxo, tão mutável em certas coisas que escrever me ajuda a manter o chão sob os meus pés. E por isso, eis-me aqui!

A coisa 2 é: eu devia escrever sobre a porra-do-assalto-boca-mole que eu sofri na madrugada de sábado pro domigo; sobre a sensação péssima de inoperância de nossa polícia; sobre os custos extorsivos de taxas bancárias e 2as vias de documentos; sobre o carinho e cuidado que recebi (fofos!); sobre minha admiração com minha prontidão na resolução (mesmo com mais auto-pilhação do que necessário); sobre o fato de que vou continuar tendo cheques/cartões/carteiras/celular/dinheiro e andando-a-pé-na-rua porque eu moro numa merda de cidade desigual e violenta mas EU ME RECUSO A VIVER COM MEDO. E ponto.

Mas, como mulher é bicho multifoco e monotema desde que o mundo é mundo, e sendo eu ariana e geniosa, vou escrever sobre coisas que não tem nada a ver com o que deveria de fato escrever. E quero refletir sobre relacionamentos.
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Lendo o divertido http://www.umpenisprachamardeseu.blogspot.com/ eu penso sobre os caminhos que eu escolhi como mulher adulta. Um parêntese: eu já li MUITA revista Capricho, tive dois irmãos, convivi com muitos homens na vida, tenho uma mãe descomplexada nos assuntos homem-mulher e acho um porre gente lamurienta. Então, tudo isso me ajudou muito a ser como eu sou no quesito feminilidade e relações afetivas. Mas tem algumas coisas que eu noto, olhando para trás, que foram definitivas para eu atingir uma certa maturidade nos relacionamentos.

Não sei porque exatamente mas eu não tenho medo de ficar sozinha. Eu sou muito carente, mas não tenho esse medo. Porque eu não vou ficar só, a não ser que eu queira. (Me repito isso todo dia...). E não é MESMO porque eu sou mega-linda ou mega-gostosa ou mega-divertida ou mega-atraente ou mega-qualquer-qualidade-que-as-pessoas-supostamente-admiram. Mas eu acho que gente é bicho que gosta de estar junto, e com padrões flexíveis podemos encontrar crescimento ao lado de gentes diversas. E que podemos trocar com várias pessoas. E que ninguém PRECISA de um(a) namorado(a), mesmo sendo uma delícia ter um(a). Mas companheiro é soma e não complemento, e ninguém morre sem ter um(a), como se morre de fato devido a outras carências.

Amigos são mesmo muito importantes para nos prepararmos para o quesito romance. Amigos nos falam quando passamos do limite, nos abandonam por uns dias quando estamos chatos, nos apóiam nos momentos duros e têm uma forma de amor mais simples de ler do que a dos relacionamentos eróticos-afetivos (obrigada Lisa-criadora-de-termos-práticos-para-modernidade. rsrrsrrs). São um excelente treinamento para pensarmos os namoros de forma mais simples. Por isso me dão um sooooooooooono aquelas malucas que suportam um namorado mala encangado no pescoço só por medo da falta de companhia. Olhe só: dá pra ir no cinema sozinha, gente!!! Juro que vendem ingresso avulso! E que uma noite de sábado em casa não faz adoecer. E que uma tarde com uma amiga pode ser muito mais divertida do que assistir TV no sofá com o seu chuchuzinho vez ou outra. Juro, juro, juro!

Mais surreal é medo de falta de sexo. Para essas eu sempre tenho vontade de soprar no ouvido o grande segredo da humanidade para libertação da libido feminina: "Os homens gostam de mulheres. E se você é mulher, isso basta..."

Ai, saco! Se o problema for sexo, bonitas, sempre vai ter alguém disposto à versão simplificada do mesmo, já tão disseminada entre as bibas: o sexo-como-esporte. Em outras palavras: com respeito, com regras claras, com pactos prévios, por prazer e sem maiores compromissos. Com alguns dias bons, outros dias ruins, outros dias inesquecíveis e outros que são pior do que o Brasil perder a final da Copa. (Ou do que ser assaltada porque tava-viajando-na-maionese-em-plena-Amaralina-de-madrugada..) Basta você querer. E devo lembrar que é sempre bom a experiência de exercitar seu corpo, sua libido, sua capacidade de interação, a autonomia sobre seu corpo... Então, mulheres, deixem de se gastarem buscando apenas sexo com amor. Porque isso só te torna uma presa fácil para cafajestes mentirosos que vão fazer qualquer declaração melosa só pra tirarem sua roupa. Nem metade de quem quer dormir com você quer acordar com você vários dias. E isso é direito do cara de sentir. E direito seu de recusar se não te agradar.

Mas, please, não exija que sua vida sexual seja um folhetim-açucarado, porque isso vai fazer sua orelha se encher de mentiras masculinas ou manter sua cama eternamente vazia ou, pior, seu coração cada dia  mais frágil. Faz isso não com você...

E não é pra ter raiva dos homens por eles serem assim porque... eles SÃO assim. E você fica com eles nesses termos apenas se quiser. E veja bem que não estou sequer sugerindo que todos são escrotos/cafajestes/mentirosos porque isso é um mito idiota de mulheres mal-resolvidas. Mas os homens lidam com a libido de forma mais descomplexada (heranças de milênios de patriarcado...) e entender isso é o primeiro passo para ter uma relação mais saudável com eles e consigo. Clareza é tudo, minha gente!

Porque eu estou escrevendo sobre isso? Porque este mês eu fui assediada por mentiras masculinas diversas (e mandei todos os doidos pegarem o caminho de casa, porque eu não tava afim e ponto); porque fui contemplada com carinhos masculinos surpreendentes de um modo que tem me feito sorrir; porque sou uma mu-lher-zi-nha quando quero; porque estou me educando a viver as coisas com menos peso; porque tudo passa; porque eu me senti uma mocinha desprotegida e aceitei a ajuda que me ofertaram; porque marco meu espaço com cada vez mais clareza e menos força. E porque andei perdendo a paciência com amigas histéricas atrás de uma companhia e se sujeitando a tudo para 'desencalharem'. E achei por bem falar sobre isso.

É isso. Agora vou dormir porque tô cansada de pensar. E vou sorrindo, mesmo com a cabeça latejando de tanto elocubrar (e do murro que eu tomei do ladrão-safado, mas isso é outra história... rsrsrs).

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Da série GRANDES QUESTÕES DA HUMANIDADE: Passaporte, visto, bagagem, vôo

Por que eu gosto tanto de viajar?

(...)

Qualquer 10 conto que me sobram eu já quero pegar o primeio avião, tomar o próximo ônibus, pôr gasolina no carro ou adquirir um passe de trem.

E topo ir pra (praticamente) qualquer lugar.

A.m.o estar longe de casa, vivendo do jeito que outros vivem, me refastelando no exercício da alteridade, da projeção, da camuflagem.

Mas de onde esse gozo? Porque esse prazer que me leva a adorar passear a esmo na Avenida Paulista, ou de me sacolejar num pé-duro até os confins da Bahia, enfrentar o desconforto da ponte aérea? Por quê?

(Acho que tanta geografia me possibilita retornar a mim...)

De verdade, eu e minha conta bancária queríamos muito entender porque tantos sonhos de outras-terras.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Da série ESTE MUNDO QUE ME CERCA: Vilão é bão!

Adoro os vilões. Não os maus, os cruéis, os que maltratam; mas o que dizem o que têm a dizer, sem a vontade de posar bem na foto.

São pessoas necessárias para nosso crescimento pessoal, para acabar com essa droga de Sandy-way-of-life. Saco essa gente que só responde pra parecer mais confiável, mais bonito, mais competente

Estou me falando neste exato momento de Mino Carta, que concedeu uma entrevista ao jornal A TARDE, publicada hoje. Mas poderia falar do fotógrafo bonito da palestra que assisti semana passada; do meu diretor-preferido que se posiciona criticamente diante das coisas que vê e assiste; da minha orientadora que fala com absoluta clareza quando eu faço trabalho meia-boca; de mim mesma, quando digo que não gosto/quero/admiro uma pessoa qualquer, mesmo que isso não desmereça em nada o amor dos outros por ela.

Estou defendendo o direito, nessa terra de gente cordata, de sermos claros, ácidos e críticos.

É isso. Abaixo as Sandys, com suas sempre-rosadas-melhores-respostas-açucaradas na ponta da língua.
Que venham mais vilões, sem amarras. Com educação, que a gente gosta, mas com sinceridade e pensamento agudo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Da série A MULHER NO ESPELHO: Olha só...

Olha só... eu sou dessas que choram por qualquer coisa,
eu sou dessas que pedem desculpas,
eu sou dessas que se apaixonam à primeira vista,
eu sou dessas que vão sozinhas ao cinema,
eu sou dessas que combinam a bolsa com o sapato,
eu sou dessas que falam palavrão,
eu sou dessas que debatem filosofia na mesa do bar,
eu sou dessas que discutem.

Olhe bem que eu sou dessas que gostam de olhar o pôr-do-sol,
eu sou dessas que curtem perder noite,
e sou dessas que acham o amanhecer a melhor parte do dia.

Eu sou dessas que tomam açúcar e não adoçante,
eu sou dessas que se desesperam com a celulite,
sou dessas que passam mil cremes,
sou dessas que almoçam com a família,
sou dessas que gostam de andar a pé,
sou dessas que adoram os amigos,
sou dessas boas ouvintes que dão colo,
sou dessas que pedem colo,
sou dessas que fazem beicinho,
sou dessas que ficam bobas com filhotes,
sou dessas que contam histórias, que riem com piada, que choram com novela,
sou dessas que amam viajar,
sou dessas que provam qualquer comida diferente.

Olha que eu sou dessas que não têm medo do diferente!

Olha que sou dessas que não fazem escova,
dessas que andam num carro velho sorrindo,
dessas que gostam de onde moram,
que gostam de onde os outros moram,
dessas que gostam dos outros, em geral.

Olha que sou dessas românticas que sorriem quando recebem flores,
que amam presentes,
que sabem ser bem ausentes,
que gostam de sexo, dos sexos, do sexy,
que amam com o corpo todo,
dessas que desafiam a vergonha e se declaram.

E sou dessas que sentem ciúmes e admitem.

Sou dessas que diz: eu gosto de você e não de outros.
Que dizem: eu quero ficar aqui. Eu não quero isso! Eu não quero mais daquilo.
Que pedem pra segurarem na mão dela,
que pedem ajuda ao vizinho,
que oferecem ajuda,
que quebram coisas quando ficam nervosas.

Sim, eu sou dessas que quebram coisas. Que arremessam coisas na parede! Aos berros!!!

Mas também sou dessas que sussurram,
dessas que se calam,
dessas que entendem que 'já deu' e vão embora de mansinho.

E sou dessas que não lêem poesia, porque acham meio chato,
mas amam ouvir poesia, porque acham bonito.

E sou dessas que cozinham, que correm, que gargalham alto, que usam pérolas falsas, que trocam pneu, que mostram a língua pras crianças, que estudam, que dormem demais, que sonham demais, que escrevem blogs que ninguém lê, que lêem blogs que todo mundo lê, que preferem as bibas, que chegam atrasadas, que corrigem o português dos outros, que lutam boxe, que assistem futebol, que usam só 1 perfume, que tinham álbum de figurinha, que não têm TV em casa, que sabem ler mapas, que comem McDonalds, que gostam da arte dos outros, que amam homens mais velhos, que amam moços mais jovens, que dançam até o chão, que ficam nuas em casa, que pagam as contas em dia, que odeiam amigas invejosas, que ignoram lamúrias, que tomam conta da vida dos outros, que compartilham o que têm... Eu sou dessas que se compartilham. Que se partilham. Dessas que se partem. 

(...)

É, não tem como negar. Eu sou BEM dessas, querido...

Da série CONFISSÕES E SUSSURROS: Canseira dos vôos

Eu juro que queria pelo menos uma certeza de aço
para poder pousar meus pés...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Da série RECEITAS DE BOLO E SOBREVIVÊNCIA: Prêt-à-porter

O Tempo é meu amigo.

50% é pior do que 100% mas MUITO melhor do que 0%.

Eu consigo, mesmo que tenham me convencido do contrário em algum momento.

A vida é de fluidos, cicatrizes, tropeços. Cair, levantar, se arrumar e seguir, tododia!

A saída é pro lado de dentro.

Mentira tem perna curta.

Estar machucado e ter vergonha disso é sofrer duas vezes.

Eu posso ser o que eu quiser.

Meu compromisso é comigo. E isso passa pelo cuidado com os outros.

Antes bem acompanhada do que só. E antes só do que mal-acompanhada por fantasmas.

Cada qual com seus golpes.

Fazer escolhas e seguir em frente. A encruzilhada é lugar de passagem e não de morada.

(...)

Frases prontas podem ser boas muletas. E eu preciso delas agora, poxavida!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Da série PASSAGEM DO TEMPO: Companheiros de aventuras

Meu aniversário.

Acordei com carinhos,
trabalhei um pouco,
fechei novos trabalhos,
recebi telefonemas,
almocei com papai,
cumpri compromissos profissionais, 
recebi mensagens,
ganhei abraços e beijos,
reencontrei uma amiga antiga,
ganhei uma torta,
choveu como a zorra!,
comi bolo&champagne com amigos amadíssimos,
briguei meu carro,
jantei com mamãe e irmão,
ganhei presentes virtuais,
ganhei presentes não-virtuais,
ganhei mais beijo, mais xêro, mais carinho,
tive histórias de amigo entrando comigo madrugada adentro,
fui dormir com novos carinhos que fizeram meu dia ainda mais colorido.


Ai... Nesse dia 13 de abril de 2010 eu me senti amada, cuidada, carinhada, compartilhada, assistida, bem-relacionada, presenteada, olhada, zelada, cafunezada, preenchida de afeto e doçuras de todo tipo.

(...)

Obrigada a todos que fizeram meu dia de ontem tão especial quanto tem sido minha caminhada diária ao lado de vocês, queridos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Da série PASSAGEM DO TEMPO: Auto-regalos

Hoje é meu aniversário. E eu adoro esse dia, desde sempre!

Eu - a menina que acordava mais cedo em todos os 13 de abril dos quais se recorda apenas para ve a Xuxa cantar 'Parabéns para você' para ela - nunca entendi direito esse troço de melancolia de aniversário.

Tenho uma MEGA dificuldade de envelhecer, e comecei a surtar nisso aos (Abram alas que lá vem a Louca!) 15 anos de idade. Lembro de uma crise homérica de choro, porque eu não era quem, nem estava onde, nem tinha o que eu imaginava para aquela idade. E por conta de um presente que nunca veio, mas isso é outra história...

Como eu corro demais nessa vida, sempre, e transito entre mundos e projetos diversos, eu costumo amar as datas comemorativas e as celebro com verdadeiro afinco. Gosto de ter do que lembrar depois, da reflexão que o momento promove, de marcar mesmo na memória o como eu me sentia naquele dia, que sempre fica na lembrança mais rápido do que a gente imagina.

Com meu aniversário esta sensação é ainda mais profunda: como é meu dia (a despeito dos outros ousados que também escolheram esta data para nascer) eu costumo me voltar para mim. Me reparo, me escuto, me perco nos corredores de uma alma que vive para se entender.

E, a reflexão do ano de 2010, ano em que chego a um lugar de conquistas tão íntimas quanto pessoais, será a de repassar todos os presentes que me dei, com equilíbrio, trabalho e esforço, ao longo desses 27 anos de vida.

Porque eu estou envelhecendo e acho isso uma droga!
Mas o estou fazendo com alguma maturidade e muito bom-humor e isso, venhamos e convenhamos, é uma dádiva que só com muito esforço diário para alcançar!

E vamo que vamo!

(Eu ia colocar aqui a lista de todos meus presentes-bonitos-da-vida; mas uma das coisas que ganhei do Tempo foi a serenidade para saber fazer silêncio vez ou outra). 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Da série DIAGNÓSTICOS: Ortopedia afetiva

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Acho que estou com um calinho bem no meio do ânimo...

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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Da série PRESENTES QUE O MODEM TRAZ: Tempo

Da (nova) linda e especial amiga Vânia Medeiros, que tornou minha manhã de 4a feira muito mais poética.



////

quis mandar esse poema pra vocês.



com o abraço do meu corpo, nesse tempo....

////


a voz violenta



este é o meu tempo



o tempo é um aquário

mergulhado em alto-mar.



seus limites só tangíveis

pelo toque de corpo

idéias, palavras



meu corpo

é o corpo do meu tempo



cultivado e cuidado

com as técnicas do meu tempo



minhas palavras



-saque dádiva nomadismo

habitar traição vínculo -



são as palavras do meu tempo



onde conjugar futuro nelas?



eu sou meu tempo



um aquério mergulhado

em alto-mar



esquecer meu corpo

e esquecer meu reflexo na água.



/////////////sergio cohn

Da série MENSAGEM NA GARRAFA: Ao silêncio do espelho

Ingerindo delicadezas a gente aprende a não ter muita sede ao pote.

Cruzar com cuidado a ponte que me liga a outro... Outro esse que é onde gosto de me aportar

(...)

Vontade de tomar esse tal às mordidas e talagadas, mas saber comer de colher é arte das mais refinadas. O problema é que as aulas de delicadeza foram sumariamente filadas por minha alma em fogo.

(Mais um longo silêncio, aprendido a duras penas por meu corpo todo...)

Poderia usar o Jardim para lhe deixar um recado, mandar um sinal de fumaça, dizer o que a boca não aciona, apontar o que o olho prefere não ver.

Mas sei que alguns passantes não viriam por aqui, nem que convidados.

No seu caso, prin.ci.pal.men.te se convidado. Porque nas artimanhas de ser-do-contra há reis e rainhas que me apavoram. Ele é um desses monarcas. Vindo da prateleira pelas quais me enamoro, justo por seus humores de rocha e sorrires de meio de lábio.

(...)

Ciúmes do outro é ruim. Mas ciúmes que sentem de mim ou perto de mim ou ao lado de mim ou em cima ou embaixo ou por dentro ou entorno é terrível.

Sou fiel ao meu querer, não é novidade. (Paráfrase desnecessária esta...). Mas costumo segurar firme nos pactos registrados com a marca do afeto. Tem sido quase sempre assim, até onde a vista alcança.

Assim, saibamos: sou mocinha boba, confusa, torpe, que só entende coisa dita com clareza. Agora sei me dar inteira, querer inteira e degluto bem isso de querer apenas uma coisa por vez. E queria tanto poder lhe explicar usando todos os gráficos e planilhas que me fossem úteis.

(...)

Por ora, vou lançando palavras ao invisível, correndo com os lobos e sorrindo com as marcas dos dias sobre minha pele. Porque sou, sim, feita de fogo e isso não é novidade para S. Ninguém.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Da série ROTAS E VIAGENS: Terra à vista!

A ansiedade da travessia terminou. Aportamos, eu, alma&corpo&fluidos em terra firme.

Agora é a nova aventura, do adentrar a morada nova, selvagem e desconhecida. Reconstruir-se em nova topografia.

Eu gosto disso.

(...)

Comecemos!