JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

sábado, 21 de julho de 2012

Da série MENSAGEM NA GARRAFA: Siblings

Ontem foi Dia do Amigo, né isso? 
Se eu mandei mensagem carinhosa pra alguém? Não.
Como? Se eu tenho amigos? Tenho sim... acordei ao lado de um e fechei a noite ao lado de outra. Daqueles beeeeem importantes!
Se eu não ligo pra essas coisas? Não, nã, eu ligo, e muito!
Mas é que e eu tava acorrentada no pé da cadeira, tão louca de trabalhos urgentes, que não houve espaço para poesia nenhuma entrar pela porta. 

Agora, assim... eu sei, eu sei: ainda dá tempo porque amizade é coisa de todosantodia. Então fiquei pensado na importância dos amigos, nessa coisa deles serem uma parte da família que a gente constroi e que se soma à família natural, na ginga que eles dão pra minha vida, nesse empurrão diário cheio de charme e leveza. E caí em Ben Jor. #Gênio

Mas, não se confundam: eu tenho dois blood brothers, Rodolfo e Robson. Mas fiz tantos outros amigos que minha família ficou uma coisa mega grande. Um bônus para uma mocinha filha de migrantes, que nunca soube o que era ter um priminho pra brincar.

(À parte a pegada meio JesusChristSuperStar, eu sei que Jésus é meu amigo, sim. Ele em suas infinitas expressões de amizade que manda pra meu caminho. Eia!)


sábado, 14 de julho de 2012

Da série A SORTE NO BISCOITO CHINÊS: Lições para ser Soma

A verdade é que já fui muito amada. Por amigos, amigas, parceiros, parceiras, família, marido, namorados, conhecidos, colegas; realmente não poderia reclamar disso.

A verdade é que ainda sou.

Às vezes sou intragável, eu sei, mas talvez porque isso faça parte do charme. E porque também já me machucaram tremendamente, ora por vontade de machucar, ora por estarem demais preocupados com os próprios quereres. Acho esta última possibilidade muito legítima, e me fez ter aprendido a ser uma boa perdedora. Sei, aos quase 30 anos, reconhecer bem quando não dá pra mim, quando não é minha vez, quando é preciso abandonar o barco. E vou-me embora com toda dignidade que dispor no momento e certamente sem disparar blasfêmias contra os que me dispensaram. E sei que a vida é cíclica, e em momentos outros serei eu a escolher/selecionar/dispensar outros seres, e estar tranquila para fazê-lo é poderoso remédio para lidar com as rejeições passadas e futuras.

Não posso muito reclamar, mesmo, de todo amor que recebi, ainda que ele não tenha me sido dado por acaso; estive sempre muito, muito atenta para aprender com aquelas pessoas que vivem rodeadas de carinho. Aprendi a abrir a porta para os bons afetos entrarem e saírem, e distribuo carinho quando o tenho. Se em dias de casa vazia as ansiedades apertam a mente e sopram no ouvido 'que os tempos de ser amada acabaram', eu as mando embora com telefonemas sadiamente claros, informando aos amigos que preciso de uma dose extra de cuidado, de preferência delivery. E, boa negociadora que sou, não me importo se meu desejo não for saciado no primeiro lance, e faço mais tantas ligações quanto forem necessárias para me ver de pé de novo.

(...)

Comecei a semana virada do avesso, por conta de coisas que sequer consegui compreender. Louco, louca,  loucura(s); reconheci o bater da Depressão à porta, e antes de deixá-la entrar acionei os afetos que poderiam botar a monstra para correr sem que ela invadisse minha casa, batesse na minha cara e roubasse todos os meus bens. Ufa! A humildade misturada à certeza de que não estou sou só me salvaram de mais esse confronto. Os afetos vieram, em seus ritmos e com suas armas próprias, fosse ela a luz do sol, a praticidade ou um mar de palavras tremulantes. E se recebi um deles aos prantos, ao despedir-me eu sorria, após uma sessão cantarolante de banho quente. Obrigada, quiabito...

(...)

Então, observando as pessoas que reclamam da falta de amor, olho para trás e vejo quantos golpes foram necessários para moldar uma alma aberta ao bem-querer. Amaciei-me consideravelmente ao longo dos anos, engolindo ofensas, re-formatando críticas para se tornarem mais delicadas, negociando com minha mesquinharia e egoísmo, lutando com minha arrogância. Por enquanto não houve nocautes, mas posso considerar que venho ganhando essa luta por pontos. (O maior defeito é ainda a capacidade de simplesmente abandonar as pessoas, sem grandes explicações ou excusas, apenas abrindo a porta e partindo. Conquistar e ir-me; não sei direito conjugar o chegar e manter-me...).

Quando olho a lista de ex-namorados (praticamente todos são pessoas por quem guardo e de quem recebo afeto), de ex-colegas que sempre me têm com carinho recíproco, ao notar o sorriso e alegria verdadeira de amigos espalhados pelo mundo ao nos encontrarmos e observando a tranquilidade de minha família eu silenciosamente agradeço. Porque afeto pode ser raiz e não necessariamente flor, dessas que apontam na beirada do galho e se exibem olorosas. Não precisa, mesmo; basta saber que eles estão ali sustentando a gente e amarrando-se a outros troncos que dando suporte até mesmo os carinhos desconhecidos.

(...)

Ontem um amigo me disse: "Você está no lugar que deveria estar". Achei tão bonito, porque tinha uma verdade e doçura ao me ler que só pude sorrir. Eu concordo com ele: eu tento tratar as pessoas com carinho e respeito, mesmo quando sou confusa e terrivelmente atrasada nas soluções. E se eu poderia auto-aceitar-me em minhas diletâncias, sofro horrores porque ser descuidada também machuca. Mas tenho tentado honestamente, assim como outras vezes eu me vi exercitando para aprender a dividir o meu lanche ou conter críticas maldosas ou aprender com a diferença, que é inerente ao mundo. E foram muitos perdões a tantas pessoas, e tantas desculpas sinceramente apresentadas e, o mais complicado, tantas rotas corrigidas antes do choque que, por fim, os louros vão brotando no quintal. E hoje eis que sou uma divididora verdadeira, que compartilha tudo o que dispõe, na certeza de que não me faltará a minha parte nas horas importantes. Quando minhas mesquinharias pipocam na porta de entrada, eu deixo elas entrarem, converso com todas, observo-nos juntas, discuto, abro os ouvidos para suas mensagens e, ao invés de tentar me esconder, o que eu escondo é a comida até o momento que elas decidirem ir embora. Porque elas vão um dia e, se não posso matá-las, posso expulsá-las por fome ou desconforto, aceitando que essas pequenezas são parte de mim também.

Aos que lutam por amor, recomendo: analisem suas despensas, leiam os rótulos de cada caixa, lata e pacote e selecionem aquilo que alimenta os afetos e não os orgulhos. Como uma pesca, o amor é da natureza da espera ativa, onde criar condições é mais importante do que perseguir os quereres. Sugestão de uma moça complicada e instável que vem sobrevivido a si mesma apenas cuidando bem daqueles que estão à sua volta.


E sejamos soma e não subtração sempre que pudermos, por fim. Pois se nós estamos por nós, quem estará contra nós?

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Da série PALAVRAS AO VENTO: Nero e seus descendentes

E eis que acordo detestando tudo. O dentro, o fora, o entorno, as formas, as esperas, os cheiros, as texturas, os sons, o toque. Vontade de ser Nero e lançar fogo sobre tudo, extinguindo as verdades do mapa enquanto elas ainda ecoam em algum lugar. 

(...)

Reconheço no ar esse movimento de ódio e descrença e, Deus é Pai, peço ajuda (que espero que chegue logo). Se não, amanhã serão pratos ao chão, afetos no lixo e projetos lançados ao vento. Não quero mais nada, nem este corpo, nem estes olhos, nem esses afetos, nem este sangue, nada nada nada. Por mim, queima tudo e começa de novo!

E não me peça - ninguém de honradez pelo menos - para não ser tanto sentir; os sábios entenderiam o quão impossível é isso. E quero assim que tudo no meu entorno se desfaça como sopro e que o telefone toque por outros motivos e que outros quereres venham gerar meus passos e organizar meus sorrisos. Quero tudo novo, porque enjoo mais rápido do que uma jovem tirana recém-empossada querendo mostrar seu poder.

Enfiada num trono maior do que o corpo precisaria, os pés nem tocam no chão, e a cara de enfado é fato diário; ela entende que não poderia estar ali, mas bem sabe que não caberia em nenhum outro lugar. Tirania errante, por assim dizer.

Enfiada até o nariz na própria loucura, a verdade é que isso cansa, e se por dentro eu fosse macia como acho que devia ser, os meus ânimos não seriam tão cíclicos. E cínicos. Queria outra coisa, outro jeito, ser diferente mesmo, sabe? Maciez dentro da armadura, mas não essa loucura líquida de mudar de forma a cada estação. (Apatia, euforia, apatia, euforia, apatia, euforia, apatia, euforia, apatia, euforia... para daí virar salto-giro-destruição-grito, é um pulo. Porque eu me canso de tanta circularidade, tantas mudanças sem-quê-nem-pra-quê).

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E o ruim, ruim mesmo, é chorar copiosamente lançada ao chão sem sequer saber o porquê. Não é uma dissimulação envergonhada (para quem ela seria, ora pois?), mas um choque de idiomas entre mente e corpo.  NÃO SEI PORQUE ESTOU ARRASADA, mas sei que um tornado desfez todos os campos arrancando as árvores pela raiz. Que dia, hora, como, porque isso aconteceu, não me perguntem, pois a verdade é que nem vi. Talvez tenha vindo por debaixo da terra, e feito o solo borbulhar e cuspir seu manto colorido para se ver desnudo outra vez. 

Depois do charco, a feiúra. E só então as flores de novo. Talvez.

domingo, 8 de julho de 2012

Da série A SORTE NO BISCOITO CHINÊS: Toda a verdade

A verdade, mesmo, é que eu sou instável que dói.

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Pensei em mil coisas pra escrever, mas tantas, que até cansei antes de começar. Então, exercitando meu poder de síntese, finalizo meu final de semana com a afirmação acima.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Da série POR QUE NÃO SOMOS FEITOS DE PLÁSTICO?: Before the breakfast

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Para dias em que um pouco de emoção antes mesmo dos sucrilhos seria bem-vindo...


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Da série O QUE AS ESTAÇÕES ENSINAM: Deixar-se ser Nilo

...sim, porque a gente não tem um lago dentro da gente, mas um rio. Ou melhor; antes do rio que corre há ainda a fonte que o faz nascer. Nossas águas são de fluxo, de caminho, de seguir... nascemos preenchidos de água de correr, por assim dizer. Então não podemos ter medo delas.

Quando a amiga disse sua resolução de novo ano ("Neste final de ano gastarei t-o-d-o o meu dinheiro; aí ano que vem eu sento e choro.") e a cumpriu, eu amei-a tanto por sua sabedoria para lidar com seu rio. Eu achei ela tão imensa e sábia e ainda mais bruxa que meu movimento foi unicamente do encantamento. Nem me deu o ímpeto de reaver minhas estradas de dentro e seguir para as margens de meus próprios espelhos d'água. Mas hoje, ao acordar, me perguntei porque de fato não estou incomodada com as perspectivas no horizonte imaterial. Parei, me indaguei olho-a-olho, e vi a moça de cara amassada responder-me tão tranquila que nada temia porque conhecia bem o caminho de ida e de volta nessa estrada diária de construções afetivas.

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Vai, mulher, vai, até onde as pernas e pés e ânimos puderem te levar. Quando virar o novo ano de seu juízo, você retorna se arrastando se for preciso, se deita ali, aninha-se e chora. Chora, chora, chora, chora.... e deixa que esse rio estancado por dentro transborde pelas barragens e te engula e vaze e nutra tudo de novo. Uma estação depois da enchente destruidora, o rio que te corta será fio de água novamente, e mesmo com os olhos ainda doendo vai conseguir ver a beleza da vida crescendo às suas margens. Eu, mulher-Nilo, mulher-seca-enchente-florescimento, mulher-ida-volta-rodopio-grito, renascerei mais bonita do que nunca a partir das minhas margens encharcadas de lama. Essa lama rica que se cria na beira dos nossos rios de correr, à qual nunca se pode temer porque nela habitam os microrganismos que comem nossas incertezas e renovam toda a terra que nos sustenta os pés.


Rainha do Nilo, porque não? Àquela que não temer as enchentes sempre terá a sorte de contemplar a colheita da estação seguinte; Ela me confessou há tempos ser exatamente esta a sua força. 

domingo, 1 de julho de 2012

Da série PREPARAR, APONTAR...: Intuição, Senhora das ações

Logo após me separar, eu preenchi o oco interno com muito, muito, mas muito ruído externo mesmo. Encontrei um amigo gêmeo de alma em termos de hiperatividade, e cumprimos juntos todo o roteiro de festas, serões de trabalho e conversas na cozinha madrugada adentro. (Lov u, Ciroco!!!)

Era comum eu enlouquecer e ser a alegria das festas, nas quais devo ter bebido pelo menos 30% do meu soldo mensal. Era realmente divertido, e Ju era uma das companheiras mais frequentes naquelas incursões noite afora. Saudade dela.

E foi ela que, recebendo um muchochento telefonema meu num domingo de tarde, me chamou atenção para o fato de que aquela depressão infeliz que eu sentia de forma recorrente poderia ser nada mais do que uma rebordosa por conta de um cigarro mentolado que eu costumo fumar. Uma ressaca química, por assim dizer.

Acho que ela estava muito certa, e salvou-me de gastar em intermináveis sessões de terapia às quais teria ido para localizar o incômodo existencial que me acometia todo domingo ao acordar... Ainda bem que é mais simples.

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Ontem foi um dia de festa. Nada tão pesado a ponto de comprometer a conta bancária como outrora, mas divertido o suficiente a ponto de gerar muito lixo que precisei juntar em sacos grandes e levar até o alto de minha rua. Foi divertido, foi afetuoso, depois ainda foi gostoso. Então, porque será que acordei de madrugada completamente incomodada com um sei-lá-o-que que está me fazendo sentir enjôo de tanto que está mexendo comigo? Whatfuck do you feel, Isabela? Come on, honey, help your own mind (or heart, I don't know actually...).


Aí que estou aqui, LOUCA-DA-SILVA, porque entendi que é hora de arrumar a casa. As casas na verdade, com direito a mudanças por fora e por dentro e pelos lados e por trás e no futuro à frente. Tá uma consumição interna por conta de algo que nem consigo reconhecer, e sei que nesses momentos a minha intuição é coroada senhora de mim. Ela tocou seu alarme, e só ficarão as coisas sob sua aprovação, isto é certo.

Enfim; dia de arrumações. Furacões apontam no horizonte, então o momento é de levar as coisas mais importantes para o abrigo no porão e deixar o restante voar pelos ares.

(...)

Que assim seja, então!