JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

terça-feira, 2 de março de 2010

Da série TELEGRAMAS DO MEIO DA TEMPESTADE: Mais um capítulo

Acontece basicamente assim:

Eu vejo o moço.

E eu escolho gostar dele.

Muitas, mas muitas vezes mesmo, ele tem apenas um detalhe muito pequeno escondido dentro de si que me permite ver o quanto estar ao seu lado pode ser divertido e gostoso. E isso me basta.

Aí eu quase sempre (porque faz parte do meu jeito ariana-com-Lua-em-Áries) vou lá buscar o moço.

E digo:

Oi, eu te vi passar aqui, te escolhi e vim te convidar para ir ali comigo. Veja aqui tudo o que posso te oferecer (e abro minhas valises de coisas bonitas recolhidas em anos de estrada). O que trago aqui dentro é muito valioso e bonito e especial e pode ser seu, se você me deixar chegar perto. E estou pedindo pouco em troca, porque o bacana para mim é ver você se revelar aos pouquinhos.

Quase sempre eu antevejo os tesouros primeiros que irão me apresentar. E restam, quando dá tempo de me mostrarem, muitos quilos outros de ouro&som&silêncios que me são revelados aos poucos, sem eu sequer ter imaginado existir.

Praticamente todas as vezes eu entrego logo na primeira esquina tudo-de-mais-especial-que-tenho para a pessoa porque sou ansiosa e acho que tudo é tão bonito que eu quero logo compartilhar. E nunca tenho medo dela roubar de mim meus tesouros, porque sou forte e se eu não quiser te dar eu tomo da sua mão e pronto!

(Ariana...)

Eu gosto de me dar ao outro. E de recebê-lo de volta, inteiro e do tamanho e peso que tiver.

Mas - e sempre tem um bendito 'mas' para dar relevo à história - quase sempre a minha empolgação soa de maneira terrivelmente pesada e aprisionante para o bonito interlocutor. E vejo a pessoinha partir em disparada com receio de tanta responsabilidade.

E olha que nem deu tempo direito de ela desfazer suas malas...

(...)

Tenho me perguntado se devo ir aos poucos, controlando minha alegria de viver esses tais momentos de compartilhamento.

Me pergunto seriamente, por outro lado, se isso não mataria 89,7% do meu charme ariano. rs

(...) (...)

Reflito mais um cadinho e quase sempre concluo que, na verdade, me mostrar por completo é o teste de força final para fazer a triagem necessária dos candidatos a Ulisses que vez ou outra se apresentam na sacada desta Penélope.
Mocinha bonita e bem-educada, sim; mas com uma alma de Velocino que coloca os mais frágeis para correr.

Não sei se prefiro companhias sem-graça, mocinhos tísicos ou o meu tear solitário mesmo. Por ora, tenho ficado mais com a última opção, sem medo de perder o viço e os candidatos desaparecerem de minha janela.
(...)

Suor, sangue, lágrimas. Viver é se fazer, desfazer, refazer. Viver é fluido! (...) O resto é existência café-com-leite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário