JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Da série CONFISSÕES E SUSSURROS: Espiral desenhando o Infinito

Ansiosa!

Ansiosas! As (muitas) Isabelas que residem aqui dentro estão desconjuntadamente eufóricas. Mundo que se anuncia com ecos de trombetas, sem no entanto se delinear frente aos olhos como seria de se esperar.

Eu pressinto um bom caminho, mas a falta de sinais e a acachapante necessidade de ser-se-por-si-mesma me apavoram.

Medo de me perder no meio da estrada e não ter, outra vez, ânimo de seguir sozinha. Não há mais graça no girar em círculos, no vagar a esmo, no uivar para Lua, no cavar sob os pés.

Ansiosa...

A certeza do onde se quer chegar, veja só que engraçado!, torna tudo mais definitivo e apavorante.

E a bagagem de coisas conquistadas pesa às minhas costas. Coisas que eu desejei, conquistei, agora as tenho e desejo. Mas o peso de lhes tirar o pó e lhes zelar e lhes usar e lhes compartilhar causa suor tamanho que quase lanço tudo para o ar e volto a correr nua pelos reinos distantes do Lugar Nenhum.

Ansiosa de não saber lidar comigo mesma...

Ansiosa pelo dia em que vamos, eu e eu mesma, pousar as armas e declarar paz infinita, criando uma terra de existência mais tranquila.

Não queria ter de matar Esta para renascer, pela enésima vez, uma Aquela que eu penso gostar mais agora. Queria brincar, uma vez que fosse, de ser borboleta a metamorfosear-se, que leva da lagarta ao menos a lembrança do ter-sido.

Basta de ser Fênix, de incendiar-me a cada novo nascer de dia e recolher das cinzas apenas os nutrientes para cultivar um novo solo distante da antiga casa.

Queria, um período de Primavera ou Verão ou Inverno ou Outono que fosse!, ser linha reta, ao invés de ser sempre espiral sem centro desenhando o Infinito.

(...)

Ai, que vontade de me ver dormir por longos sonhares...

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