JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Da série POESIA BARATA: Financeiramente falando

Morro tantas vezes por dia que não haveria como pagar as carpideiras.

Ninguém chora as mortes cotidianas, então acumulo corpos olorosos na sala de estar.
Pessoas que eu era ontem hoje deixam de servir tão logo é notado o Sol a esgueirar-se pelas cortinas.
Não há como enterrar todas elas, não há, Isabela(s), não se preocupe(m). Todos irão entender que não se trata de falta de zelo...
Pagaria com meus olhos se eles aceitassem desligar-se das suas moradas, se eles estivessem desatentos por quaisquer pares de minutos...
(...)
Sim, eu os roubaria para pagar minha paz.
Mas eles nunca ficam ausentes. É sinceramente muito estranho.

Mas, sim, falava sobre os corpos. 
Pilhas de ossos aquebrantados por dores tão bobas que haveria de enrubescer até aqueles abatidos pela febre ou gripe ou gastrites. Ardores tão bobos que matariam de vergonha mesmo os finados pelos males mais estúpidos.
Mas são minhas queimações, e elas têm matado milhares de centenas de mim.

(A white lie, maybe...)

E para onde olhar se para dentro as luzes se apagaram e as portas do sentido se fecharam até para o tato. Onde?
(...)
A verdade é que nem tem doído assim como parece, mas o vício me obriga a gritar alto para que alguma parte sã desperte e venha em socorro dos cantos mais bagunçados.
Não, não se preocupe. Não há nada machucado, guarde os curativos, por favor. Nada mais sangra, meu querido.
Há muito eu sequei também por dentro. Alimentai-me de seus fluidos, Ânimo, porque tenho medo de sucumbir a essas sedes que nunca terminam.

Mas agora sinto apenas sono. Legítimo, sim. Talvez.

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