JARDIM DOS ENCONTROS
Lugar de encontrar palavras, devaneios, imagens e sonhos plantados a esmo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Vinte&oito

Assim... amanhã eu faço uma década de maioridade. Isso é coisa pra caramba, especialmente para mim, mocinha que detesta envelhecer. Lembro da agonia de ver o tempo me comendo ainda aos 20 anos. Como uma coisa que se embolora pela simples passagem dos dias, e nada pode ser feito diante disso, eu me sinto carcomida por um fluxo contínuo e incontrolável.

E, sabe.. eu não estou nem um pouco feliz com onde estou neste momento. Quase que detesto o entorno. E nisso eu me sinto sozinha entre os meus, ao semi-lado do mocinho-bonito-por-quem-inventei-de-me-encantar, com a família, quando encaro meu silêncio... Ruim. Ruim. Ruim. Ruim...  Verdade seja dita: me sinto amada em inúmeros momentos, mas desesperadamente perdida. É de se contar nos dedos quem consegue escutar, simplesmente escutar, o que eu digo, sem tentar me dar rápidas soluções pré-prontas para minha ladainha não incomodar os ouvidos. E quando isso ocorre o amor vira placebo vagabundo, que dispenso sem pensar duas vezes.

E é nesses instantes que mais me sinto velha, engolida pelo fluxo a me arrastar para muito longe das possibilidades de mudança. Sinceramente injustiçada pela falta de escuta, pela falta de amor prático, pragmático, que não é só lamber o pêlo como igualmente ensinar a ficar de pé. Aprendi a amar desse jeito; de maneira concreta, por assim dizer.  E me dou o direito de me doer de-com-força e sem pudores, porque não sou nem das que mais reclamam, nem das que se amuam por tudo, muito menos das que não agem... Eu afirmo tantos lugares que simplesmente não entendo a falta de paciência quando me interrogo. 

Talvez seja isso... Confusão de pontuação.

A agonia é notar que, por desgosto, vou me fechando em meus problemas. Não vou mesmo deixar de me dar ao outro, de escutar, de me fazer presente, de ajudar pragmaticamente como eu aprendi mas estou certa de que minhas dores são meus segredos, visualmente desinteressantes aos amigos/amados/parceiros/torcedores-em-geral de minha vida. Eles me gostam inteira, em pleno funcionamento, forte e competente, porque assim se acostumaram a me ver; mas, merda, eu não sou sempre assim!

Pois, é isso. Por dentro, algumas certezas e satisfações íntimas de ter encontrado formatações adequadas a meu bem-sentir. No lado de fora, um sorriso firme, para que me deixem em paz em minha falta de brilho. E, frise-se: sorriso em silêncio, porque já deu tempo de entender que esse barulho não se faz audível o suficiente nesses dias tão ruidosos em que estamos todos imersos.

Feliz ano novo pra mim, afinal.

3 comentários:

  1. Feliz ano novo pra vc, sim! Pelo bom, pelo "ruim, ruim, ruim" e por tudo que vier.
    Um beijo grande da amiga que acompanhou vc em oooutros tempos, rs...bem antes dos 28!

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  2. Eu sorrio em silêncio pra você. E te digo que te amo e que acredito e sei que você é muito mais que esse pedaço de poço lamacento dos últimos tempos. Você é pura luz do sol com umas pitadas de lama (como nós todos somos - que o diga meu sobrenome). Feliz ano novo, amiga tão querida. Que venham dias luminosos para os teus pensamentos e ações.

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  3. Aí ela faz o que? Chora com um sorriso em silêncio. Amo demais os que me cercam. Demais!

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