Lutando para criar uma rotina, constato como sou refém de estruturas em minha vida. Preciso (sim, pre-ci-so) de meu carro, de grana no bolso, de uma casa limpa, de telefone funcionando. E tal noção de minhas necessidades básicas ajudam-me, finalmente, a construir um caminho pessoal há tanto perdido.
Não abrirei mais as portas aos falsos torcedores, não desejo mais os perdidos por perto, não aceito dar-me demais a quem não for da soma. E isso soa um pouco trágico na vida de uma mulher que se criou cercada de problemas alheios, resolvendo as questões do outrem e servindo ao coletivo; de uma maneira sempre um tanto torta, mas ao coletivo inegavelmente. Preciso mais do silêncio, esse sim rebeldia extrema quando se tratam de pessoas como a que eu tinha escolhido ser. Mas alguma coisa no passo do rebanho não estava funcionando, e ajustar o trote mesmo que a golpes de foice nas partes mais fracas do todo se faz então vital.
Espero não ficar solitária, porque isso é em mim uma tendência. Mas enquanto eu não fizer as pazes comigo mesma, como abrir espaço para um outro? O enredo dessa insistência teria final já conhecido: começa com amores abertos ao todo e finda com quilos de ansiedade arremessadas de um lado a outro da sala de estar, não sem antes bem mirar a cabeça do pobre coitado. Não quero mais isso.
Quero paz, auto-paz, auto-paz! Não prostração, ou medo, ou palermice (outra tendência), mas uma presença completa que consiga ir além do correr feito louca ou nada-fazer-como-ameba. Quero presença real, sabe isso?!
Assim que bem souber onde estou (e isso passa por arrumar as coisas à minha volta, ainda pelo avesso), eu pelo menos já sei para onde ir. E vou traçar com carinho de menina-moça os próximos passos, não para prever o futuro, mas para ter um foco quando o vento soprar mais forte.
Em breve será tempo de chegadas de novos companheiros de caminhada, pressinto isso. Sem apressar o passo, estarei me preparando desde então para esses bons encontros. Por ora é fazer a minha parte, sorrindo atenta ao entorno, sem deixar-me aterrar minha profundidade num mar de incertezas novamente.
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