Foi na época d'O Contêiner que me deparei com essa poeta. Ana Paula Tavares é angolana, e na nossa busca por referências para compor nossa África imagética e não-folclórica tão desejada, vasculhamos a produção de poetas africanos antigos e contemporâneos.
É importante que se diga: produz-se muita coisa linda & poderosa & forte naquele continente, tido por nós ainda como lugar muito distante desta terra brasilis. Entre tudo que lemos, a poesia Estrangeiro daquela poeta me marcou fundo; Buranga interpretando seus versos durante o espetáculo era para mim o momento mais emocionante da peça. Mais de uma vez eu chorei ouvindo aquelas palavras, que se misturavam em dado momento às palavras do próprio Buranga, ele mesmo um estrangeiro, exilado de sua terra por falta de opção.
Aquela forma de vazio total, da ausência completa de caminhos para dentro de casa, que invariavelmente lança para muito longe de tudo o que conhecemos como nosso.
Simplesmente lindo.
ESTRANGEIRO
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