Olha, eu não tenho medo do diferente, das diferenças, do desconhecido. Acho sempre um delicioso desafio passear pelos caminhos em que nunca entrei, sentir o cheiro do novo, desbravar. Costumo ser paciente e cuidadosa com os meus parceiros nessas aventuras, porque esse meu quase-fetiche pelo novo nem sempre é tão simples de ser acompanhado pelo meus. E em geral me consome muita energia. Mas eu costumo adorar...
É importante que se entenda que sou moça de riscos, e por isso meu amor pode ser imenso pelo diferente. Eu tenho, DE FATO, paciência para vencer a dificuldade do novo idioma que vem do outro, apurando ouvidos para entender mesmo a mais cifrada das mensagens.
E me esfolo para traduzir em atos os meus pensamentos, já que o agir em geral é menos trapaceiro do que as palavras. Eu digo que quero com o corpo todo, com cada olhar, com cada afirmação, com cada ir dormir sorrindo. E tenho dito tantos 'eu quero' ultimamente. É uma explosão de satisfação a cada nascer de sol. E que bom que tem sido assim...
(...)
Agora dá um medo gigante do que está extra-caminho. Pavor do que não poderia supor existir: medo daqueles que invejam minha coragem, que invejam o lugar dos meus partners, que desejam ser amados como eles são, carinhado como ele é. Gente que não aprendeu a caminhar e se diverte deitando no meio da estrada só para causar acidentes.
Quando eu caminho, mesmo em dúvida se estou na estrada certa, não me sento no acostamento. Tenho medo de não conseguir mais levantar. Nele há infinitos covardes, medrosos, preguiçosos de toda cor&estilo, sempre dispostos a me dissuadir da caminhada.
Sabendo dos riscos que habitam a beirada da estrada, eu, mulher multifoco desde minha tenra infância, filha de Áries que tem a força do incendiar sem a paciência do alimentar da chama, fiz um combinado comigo mesma para que minha vida não fosse um total fracasso: eu NUNCA paro de caminhar.
Com dúvidas ou certezas ou medo (constantemente medos) ou dor ou frio ou solidão ou o-que-houver-de-mais-pesado-para-se-carregar, uma coisa é certa: eu nunca deixo de seguir em frente. Muitas vezes eu sequer sei para onde estou indo, mas eu vou. Sempre!
(...)
E eu vim vindo, seguindo os rastros de miolo de pão que o moço-bonito deixou na estrada. Vim me construindo, realizando mudanças de rota, exercitando a audição. Vim porque quis, porque quero; então só me resta chorar como uma louca quando esse ato tão grande não parece ser suficiente. Puxa; o caminho foi tão comprido, qualquer um vê... então porque ainda pedir mais provas, fazer mais perguntas, procurar verbetes num idioma estrangeiro?
Ter caminhado até aqui não basta?
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